Transtorno do Processamento Sensorial (TPS)
Transtorno do
Processamento Sensorial (TPS): Quando o Mundo Parece Demais
Você já ouviu falar sobre o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS)? Sabia que sons aparentemente simples, como o riso, podem desencadear crises intensas em algumas pessoas?
O TPS é uma condição neurológica que afeta a maneira como o cérebro recebe, interpreta e responde aos estímulos sensoriais do ambiente. Sons, luzes, cheiros, texturas e até mesmo toques podem ser percebidos de forma amplificada, distorcida ou avassaladora. Essa condição está frequentemente associada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA) e ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas também pode ocorrer em pessoas neurotípicas, ou seja, sem nenhum diagnóstico específico.
Para quem vive com TPS, o mundo pode parecer um turbilhão de sensações. A percepção sensorial alterada afeta não apenas a relação com o ambiente, mas também a interação social. Indivíduos com TPS, especialmente autistas, podem se sentir inseguros e amedrontados em ambientes fora de sua rotina ou que não lhes transmitam conforto.
Minha Pequena Autista
Com minha filha, que é autista, aprendi a lidar com os desafios do TPS passo a passo. Começamos com os estímulos mais básicos: iluminação, texturas e odores. Ela ainda não é fã de certos cheiros, como margarina no fogo ou azeitona, mas hoje os tolera melhor. Em seguida, trabalhamos os sons. Para ela, ambientes barulhentos são um verdadeiro desafio, e o uso de abafadores de ruído se tornou essencial em nossa rotina.
No entanto, o maior desafio
tem sido a questão social. Aos poucos, a maturidade tem ajudado, mas ainda
estamos no processo de aprender a navegar em situações que fogem do seu
controle. E, entre todos os desafios, há um que ainda não conseguimos superar
completamente: o som do riso.
O Riso: Um Som Torturante
Sim, o riso. Para minha
filha, o som de uma risada, mesmo que suave, é algo quase insuportável. Ela se
irrita, cobre os ouvidos e, em alguns casos, entra em crises intensas de choro
e ansiedade. Pesquisei bastante sobre o assunto, mas parece ser algo raro, já
que não encontrei muitos relatos semelhantes.
Acredito que essa reação esteja relacionada à Misofonia, uma sensibilidade extrema a sons específicos. Para ela, o riso parece gerar uma confusão emocional. Como ainda não compreende plenamente o significado do riso, ele é interpretado como algo negativo, causando ansiedade e sobrecarga sensorial.
Estratégias para Lidar com o TPS
Enquanto trabalhamos para ajudá-la a entender e processar essas sensações, desenvolvemos técnicas para acalmar suas angústias. Combinamos que, sempre que sentir desconforto, ela deve pressionar as mãos uma contra a outra, na altura do peito, e fazer exercícios de respiração profunda (inspirar pelo nariz e expirar pela boca). Essas práticas ajudam a reduzir a ansiedade e a recuperar o controle emocional.
Ainda não temos resultados definitivos, mas acredito que, com paciência e dedicação, ela conseguirá superar essas barreiras e alcançar uma autorregulação mais eficaz, essencial para sua autonomia e bem-estar.
TPS Além do Autismo
Embora o TPS seja
frequentemente associado ao autismo e ao TDAH, ele também pode afetar
outros grupos, como:
- Bebês prematuros: Podem desenvolver
dificuldades sensoriais ao longo da vida.
- Pessoas com ansiedade ou Transtorno
de Estresse Pós-Traumático (TEPT): Traumas podem desencadear
hipersensibilidades a sons, toques ou luzes.
- Indivíduos com distúrbios de
desenvolvimento ou aprendizagem: Crianças com desafios motores ou
cognitivos podem apresentar dificuldades no processamento sensorial.
- Pessoas sem diagnóstico específico: Algumas simplesmente têm uma sensibilidade atípica, sem que isso se encaixe em uma condição clínica.
Buscando Apoio e Soluções
Se os sintomas do TPS causam sofrimento ou impactam a rotina, é fundamental buscar apoio. A Terapia Ocupacional com Integração Sensorial é uma das abordagens mais eficazes, mas também é possível trabalhar técnicas em casa, como eu, com o apoio de familiares e cuidadores. O importante é criar um ambiente seguro, onde a pessoa se sinta confortável para explorar e superar seus desafios sensoriais.
Conclusão
O TPS é uma condição complexa, mas com compreensão, paciência e estratégias adequadas, é possível transformar desafios em conquistas. Para minha filha, cada pequeno progresso é uma vitória. E, como mãe, sigo aprendendo e buscando formas de ajudá-la a navegar por um mundo que, às vezes, parece demais.
Se você conhece alguém que
enfrenta desafios semelhantes, compartilhe essa informação. Juntos, podemos
promover um mundo mais inclusivo e sensível às necessidades de todos.
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